"EU, JUÍZA" apresenta a Coordenadora da Mulher
Com 18 anos na magistratura, a magistrada do EU, JUÍZA desta semana é a autora de um programa lançado em Mato Grosso do Sul, que está sendo replicado em todo o país. Ela ganhou prêmios e mais importante: reconhecimento por um trabalho que idealizou simplesmente para tentar incentivas mulheres vítimas de todo tipo de violência a darem uma basta nesta situação. Atualmente, ela responde também pela Coordenadoria de Mulher em MS. Conheça a magistrada Jacqueline Machado.
1) Qual a data de seu ingresso na magistratura?
30/03/2001
2) Está em exercício ou já se aposentou?
Em exercício
3) Como foi sua posse?
Marcante. Minha maior lembrança é o semblante dos meus pais.
4) Como foi seu primeiro dia de juíza?
Fiquei muito chocada no primeiro dia, porque fiquei fazendo sentenças criminais na sala de audiência do querido Des. Manoel Mendes Carli, enquanto ele fazia as audiências. Vi ali uma realidade muito dura do trabalho do magistrado (a) e o peso da nossa responsabilidade com a vida do outro.
5) Qual foi seu dia mais feliz de magistrada?
Não há um dia em especial. Para mim, em todos os dias da minha carreira existe sempre um momento de felicidade, porque amo o que faço, sou muito feliz e realizada como magistrada. Fiquei especialmente feliz um dia em que recebi uma mensagem pelas redes sociais de uma menina adotada por um casal de italianos com nove anos e que já havia sido devolvida na primeira tentativa. Ela, agora com 16 anos, disse que sentia muito orgulho pelo meu trabalho na violência contra as mulheres e que eu tinha tomado a melhor decisão para a vida dela. Isso me deixou absurdamente tranquila do acerto e feliz!
6) Qual foi a ação mais significativa ou decisão mais marcante da qual se orgulha?
Para mim as decisões mais marcantes foram na área da infância, porque destituir o poder familiar e encaminhar uma criança para outra família, mudando totalmente os rumos da vida daquele ser é muito difícil, mas marcante, sem dúvidas.
7) O que mais a comoveu na atuação como juíza?
Mais comoventes foram dois casos de feminicídio. Em um deles tive contato com a vítima e pedi para que não retirasse a medida e não tratasse porque eu visualizava o risco. No outro, eu não conhecia a vítima, mas a criança, uma menina de seis meses foi encaminhada para a Casa da Mulher. Olhando para aquela menina não conseguia pensar no risco que nós mulheres corremos pelo simples fato de nascermos mulheres.
8) Qual seu sonho de magistrada?
De transformar o mundo, rs, rs, rs. Pura utopia, mas sigo tentando dar o meu melhor para fazer a diferença na vida das pessoas.
9) O que gosta de fazer no tempo livre?
Ficar com meu esposo e minhas filhas ouvindo música, lendo, assistindo filmes.
10) Qual seu desafio pessoal e/ou profissional mais relevante?
Trabalhar na Casa da Mulher é um desafio muito grande e diário. Tentar mudar essa cultura de violência contra as mulheres, por meio da educação e de projetos para que os números da violência diminuam, também é desafiador.
11) Cite uma mulher inspiradora, brasileira ou não.
Nísia Floresta, a primeira educadora feminista do Brasil, a primeira mulher a publicar textos em jornais. Ela também escreveu livros em defesa dos direitos das mulheres, dos índios e dos escravos, entre eles está "Direito das Mulheres e Injustiças dos Homens".
12) Cite uma mulher inspiradora que exerce ou exerceu um cargo no Poder Judiciário, Executivo ou Legislativo do Brasil, em qualquer (esfera municipal, estadual ou federal).
Para mim, uma mulher muito importante e que me inspirou foi a colega Eliane de Freitas Lima Vicente. Um exemplo de dedicação, ética e competência como magistrada. Foi meu primeiro contato em Amambai no ano de 2001, quando cheguei para atuar como substituta. Foi uma mestra, uma amiga, uma irmã.
13) O que diria hoje numa frase a uma mulher que quer ser juíza?
Você consegue, você pode, desde que esse sonho seja seu!
14) Diga uma frase que a define como mulher magistrada.
"Aprendi com a primavera a deixar-me cortar e voltar sempre inteira" - Cecília Meireles