Semana começa com mais uma edição do "Eu, Juíza"
Desde maio, a diretoria da Mulher Magistrada da AMAMSUL vem desenvolvendo uma proposta que valoriza a mulher integrante da magistratura sul-mato-grossense : “EU, JUÍZA”. Ao final, as entrevistas serão parte de um livro - um registro histórico, nunca feito de forma tão particularizada pela entidade associativa.
Em razão da grande repercussão na sociedade, por permitir que a população conheça as mulheres fortes, inteligentes e capazes que fazem parte a magistratura de MS, o projeto foi reiniciado com o ingresso das novas juízas substitutas, empossadas no 32º concurso para a magistratura em setembro de 2021 e em abril de 2022.
Não se pode esquecer que o projeto, que homenageia cada mulher magistrada, sua história e trajetória na justiça de MS, foi criado no biênio 2019/2020 pela então ocupante da diretoria, desembargadora aposentada Maria Isabel de Matos Rocha. Além disso, a nova edição do “Eu, Juíza” abre espaço para as magistradas que não puderam participar da primeira rodada de entrevistas.
Esta semana, a juíza substituta Camila Neves Porciúncula, que está judicando na comarca de Angélica, mostrará um pouco de si mesma para a população de MS.
1) Qual a data de seu ingresso na magistratura?
Dia 15 de setembro de 2021.
2) Está em exercício ou já se aposentou?
Em exercício.
3) Como foi sua posse?
Minha posse foi um dos melhores momentos da minha vida. Todo mundo que estuda para concurso sonha com esse dia, já tinha idealizado muitas vezes, mas, confesso que superou minhas melhores expectativas. Foi uma cerimônia linda: a decoração, discursos, a entrega das togas. Entre tantos acertos, o que mais me marcou foi que, mesmo com as máscaras, devido a pandemia, era possível enxergar o sorriso pelo olhar das pessoas.
4) Como foi seu primeiro dia de juíza?
Honestamente, foi um misto de emoções, da alegria ao medo. Embora eu tenha tido uma ótima preparação no Curso de Formação, chegar na comarca, conhecer os servidores e as demandas é algo que assusta, mas ao mesmo tempo foi uma alegria imensa entrar no meu gabinete e sentir que meu sonho realmente estava se concretizando.
5) Qual foi seu dia mais feliz de magistrada?
Difícil escolher um dia específico. No geral, a atuação protetiva no âmbito da infância é muito gratificante, sempre fico muito feliz quando vejo que minha atuação fez prevalecer o melhor interesse da criança ou do adolescente.
6) Qual foi a ação mais significativa ou decisão mais marcante da qual se orgulha?
Acredito muito no juiz como agente de transformação social, não raras vezes os deveres inerentes ao exercício da função não se esgotam nos autos do processo. Assim, considero minha ação mais significativa uma palestra que ministrei na Câmara Municipal da comarca em que atuo sobre violência doméstica e familiar. Foi muito importante ter contato com os jurisdicionados, poder informá-los de forma clara e direta e sentir que estava contribuindo para disseminação de informações primordiais sobre uma temática muito recorrente na realidade local.
7) Qual seu sonho de magistrada?
Para além do meu desejo de dormir todos os dias com a consciência de que fiz o meu melhor, também sonho em ser um instrumento de mudanças no perfil da magistratura. Espero inspirar outras mulheres negras e nordestinas a ocuparem esse espaço.
8) O que gosta de fazer no tempo livre?
Gosto de ter um momento ócio, de assistir séries, jantar em restaurantes, viajar e me reunir com amigos e familiares.
9) Qual seu desafio pessoal e/ou profissional mais relevante?
O desafio profissional mais relevante é encontrar o equilíbrio entre cumprir as metas do CNJ e julgar de forma individualizada e humanizada.
10) Cite uma mulher inspiradora, brasileira ou não
A minha mãe.
11) Cite uma mulher inspiradora que exerce ou exerceu um cargo no Poder Judiciário
Iris Helena Medeiros Nogueira
12) O que diria hoje em uma frase a uma mulher que quer ser juíza?
“Luta é para vida inteira”, os desafios são diários e os aprendizados também. Por mais difícil que pareça, a gente dá conta e vale muito a pena.
13) Diga uma frase que a define como mulher magistrada
“A vida [...] o que ela quer da gente é coragem” - João Guimarães Rosa