Reconhecimento: TV Justiça divulga projeto criado por juiz de MS
Uma proposta ousada, visando reduzir a criminalidade. Assim começou o projeto Histórias que Salvam, uma medida
implantada pelo juiz Cássio Roberto dos Santos em Paranaíba, com formato pedagógico, para mostrar aos jovens o que está reservado aos menores que cometem crimes.
De acordo com o juiz idealizador do projeto, a iniciativa surge como uma alternativa ao alto índice de atos infracionais graves, cada dia mais precoce, e ao consumo crescente de drogas, além do baixo índice de reinserção social dos egressos do sistema prisional.
A intenção é incentivar crianças e adolescentes a não seguir por caminhos ilícitos, cuja expectativa de futuro não é promissora. Assim, detentos recolhidos no Estabelecimento Penal do município proferiam palestras para faixas etárias diferentes: 8 e 9 anos, 10 e 11 anos e 12 e 13 anos.
Os jovens foram previamente selecionados, de maneira aleatória, pelo conselho tutelar, com auxílio das escolas municipais e estaduais de Paranaíba, e compareceram às palestras, acompanhados dos pais. A divisão por faixa etária é necessária para que se tenha elementos de onde a mensagem foi melhor recepcionada.
”A ideia surgiu como forma de valorizar os presos, além de alertar pais e menores sobre as consequências de escolhas e caminhos inadequados. Como juiz da infância e juventude, percebi que a criminalidade, a desestruturação familiar, o envolvimento com drogas tem se mostrado cada vez mais cedo e mais grave. Então permitimos que presos ajudassem a dar um alerta aos menores e aos pais sobre a relevância de escolhas ruins”, explicou.
Reconhecimento – Ao saber que tão inovadora proposta tinha sido implantada com sucesso em Paranaíba, a equipe de produção do Jornal da Justiça, da TV Justiça, em Brasília, convidou o juiz para uma entrevista que possibilitasse a discussão do tema e ampla divulgação.
Na entrevista, com exibição em todo o território nacional, Cássio contou que existe um trabalho religioso desenvolvido há mais de oito anos no presídio local, que este tem apresentado bons resultados e o quanto isto foi relevante para a implantação do projeto Histórias que Salvam.
“Estão envolvidos na proposta internos que participam do trabalho religioso. Com o auxílio do pastor Paulo, uma das pessoas mais importantes para a realização do projeto, escolhemos detentos que se dispuseram a colaborar e contar suas histórias de vida, relatando o que os levou à segregação da liberdade de ir e vir. Imaginei que o relato iria beneficiá-los, como de fato temos sentido o empenho em ajudar o semelhante e, ao mesmo tempo, estaríamos ajudando esses grupos de menores”, disse.
Foram selecionados quatro presos com histórias de vida diferentes e cada um falou por 15 minutos. Ao final, houve tempo para perguntas, para exibição de um vídeo sobre família e uma palavra final do juiz. Houve ainda o preenchimento de um questionário elaborado por psicólogos do município e material servirá para análise de resultados do trabalho.
“O projeto está no início, porém já se pode perceber o forte impacto da iniciativa nos jovens. Com as informações, faremos um estudo social e psicológico com os presos e algumas das famílias presentes às palestras. O material será reunido e pretendemos, em 30 dias, reunir o conselho tutelar, Conselho da Comunidade, assistentes sociais e psicólogos do Município e do Fórum para avaliar os resultados e traçar as metas e diretrizes que nortearão o trabalho. Veremos em qual faixa etária os resultados foram melhores, faremos os ajustes necessários, enfim, tudo para obtermos o máximo de resultados”, complementou.
Ao concluir, Cássio confidenciou que pretende transformar o projeto em reunião semanal, com grupos de 80 a 100 pessoas, entre menores e pais ou representantes legais. “A seleção dos grupos seria feita por intermédio da rede de ensino municipal e estadual da comarca, com auxílio do Conselho Tutelar e da Secretaria de Assistência Social. Os presos que relatam suas histórias seriam alterados semanalmente, a fim de se obter melhores resultados tanto no grupo de menores e pais, como nos próprios detentos, já que estes se mostraram satisfeitos e valorizados pela oportunidade”.
Assista à entrevista no http://www.tvjustica.jus.br/index/detalhar-noticia/noticia/255402