Juiz comanda movimento contra corrupção
O juiz Eduardo Lacerda Trevisan, da comarca de Naviraí, está liderando o Movimento Naviraiense Contra a Corrupção e pela Ética na Política – proposta que envolve também membros do Ministério Público, da Defensoria Pública, polícias Federal, Civil e Militar, igrejas católicas e evangélicas, clubes de serviços, a associação comercial local, além de escolas e universidades.
O movimento visa despertar nos cidadãos naviraienses o desejo de combater a corrupção que assolou o município depois que vereadores tornaram-se réus na Operação Atenas, desencadeada pela Polícia Federal em outubro de 2014, e foram afastados por corrupção.
Para a população local, a Operação Atenas trouxe perplexidade e revolta com a descoberta do esquema de corrupção instalado no Legislativo, onde cinco vereadores foram presos e oito afastados dos cargos. Cinco já foram cassados, dois renunciaram e seis enfrentam processo de cassação.
Ao discursar no plenário da Câmara de Vereadores do município, Trevisan, que responde pela justiça eleitoral na comarca, ressaltou que a sociedade tem que agir contra os corruptos, participar ativamente da política ou, no mínimo, ficar mais inteirada das ações.
“Pessoas que não gostam de política acabam sendo governados por quem gosta e estes, resguardadas raras e boas exceções, são os piores exemplares que existem no convívio social. Por não participar da política, o cidadão de bem cede espaço para a mediocridade, gente que não pensa no futuro e só quer o ganho imediato", discursou.
Conhecedor do mundo político, antes de ingressar na magistratura, Eduardo Trevisan foi prefeito do município de Cornélio Procópio (PR) e deputado estadual no Paraná, na década de 1990. O juiz pediu também para o eleitor manter postura ética durante as campanhas eleitorais.
"Quando algum candidato oferecer dinheiro ou favores em troca de voto, pegue o dinheiro oferecido pelo corrupto e não vote nele, que Deus vai saber, vai te entender e ficar ao seu lado. Quando o político é eleito comprando voto, acredita que não tem mais compromisso com o eleitor, pois deu dinheiro ou fez favores em troca do apoio. Votar de forma consciente inclui exigir do eleito os compromissos que ele firmou na campanha”.
Continuidade – O movimento contra a corrupção foi pensado para desenvolver a noção de ética nas crianças, futuros cidadãos que irão propagar sua aplicação. Por isso, o lançamento da campanha marcou apenas o início de uma longa caminhada.
Dentre as ações a serem desenvolvidas está o concurso de redação, direcionado para estudantes do ensino médio: este só terminará no final do ano, quando serão conhecidos os ganhadores.
Nas instituições de ensino serão realizadas palestras com o juiz, promotor, padre, pastor, enfim, com os organizadores do movimento e das informações destes encontros serão redigidas as redações. Cada escola selecionará as 10 melhores produções literárias para premiação dos autores, que serão analisadas pela academia de escritores local.
Os vencedores do concurso devem dividir um prêmio de R$ 3 mil, montante doado por alguns dos organizadores do movimento para premiar os melhores textos escritos sobre o tema da campanha.