Acadêmicos no RJ terão palestra de juiz da Capital
O juiz da 14ª Vara Cível de Campo Grande, Fábio Possik Salamene, estará no Rio de Janeiro no dia 10 de outubro para uma palestra na Faculdade Estácio de Sá, campus Petrópolis. O tema é atualíssimo: Um Brasil da corrupção: como mudar? .
Salamene estudou no Rio de Janeiro e sempre manteve contato com operadores do Direito daquele Estado. Além disso, foi juiz auxiliar da Corregedoria-Geral de Justiça de MS e tem posicionamentos firmes nessa questão – o que o qualifica ainda mais para tratar do assunto.
Ao lado de outros profissionais da área da Direito, o juiz de MS falará para aproximadamente 500 estudantes universitários sobre como a corrupção é uma mal social, um mal coletivo. Questionado sobre qual será o enfoque de sua apresentação e considerando que o assunto do momento no país é a Lava Jato, ele explicou que deve ser debatido, dentre diversos outros assuntos, a criminalização da política e da advocacia.
“A criminalização da política e da advocacia são os primeiros passos para a ruptura democrática e a elisão do direito de defesa. O combate à corrupção deve ser permanente e isonômico, de modo a colocar todos, sem exceção, sob a égide e o rigor da lei. Não se pode tratar distintamente os atores da cena política por suas cores partidárias, por exemplo, nem cogitar anistias casuístas. Os tipos penais não podem mais ser estabelecidos como forma de excluir e avassalar certa parcela do povo, impondo-se igual rigor na sanção dos crimes praticados pelas classes dirigentes", esclareceu.
Para o juiz, a palavra da atualidade é transparência, sem a qual a democracia é meramente formal. Ele defende que isonomia e comportamento ético diário, cotidiano, desde as pequenas relações são necessários para que ocorra a verdadeira mudança na sociedade como um todo.
“Diante da constatação de que vivemos num país em que ocorrem mais de 50 mil homicídios por ano, onde se tem a terceira maior população carcerária do mundo, onde o nível de escolaridade é baixo, etc , em meu ambicioso ideal de sociedade, penso que o objetivo desejado não se dará a curto prazo. Também não será outorgada pelos governantes, por qualquer autoridade, por qualquer instituição ou qualquer personalidade individualmente. Será fruto da evolução de um povo e da solidificação da nação brasileira”.